sexta-feira, janeiro 19, 2007

A Nova Rede ainda dá que pensar... que balanço? Que futuro?

Caros Leitores, hoje trazemos uma reflexão mais a frio daquilo que foi a implantação da Nova Rede.

Quem andou nos autocarros, leu, ouviu ou viu as notícias, certamente terá as mesmas ideias que nós: que a implantação da Nova Rede não foi o sucesso imediato que a STCP julgava que iria ser.

A STCP, ao desenhar esta Nova Rede, teve como preocupação fundamental ser um complemento aos outros operadores de transporte. Não apenas á CP, ou ao Metro, mas sim a todos os outros operadores de transporte privados.

Só assim se justifica o corte de ligações directas entre algumas áreas do Grande Porto com o centro da cidade. O caso mais famoso é o de Rio Tinto. Só assim se justifica a transferência desmesurada de linhas para o Hospital de São João. Antigas linhas como o 92, o 54, ou até mesmo o 76, passam a terminar aí!!!!

E infelizmente, os terminais e interfaces, em grande parte, não são exemplo de um planeamento cuidado e gestão criteriosa. Senão tomemos o exemplo do Hospital de São João: a bem do Metro, resolvem cortar o terminal construído nos anos 80 em dois, daí resuktando abrigos mais pequenos. Com o acréscimo de linhas (término ou de passagem), os autocarros passam a amontoar-se aí. E não são poucos! Juntemos os autocarros da Valpi, Gondomarense, Arriva/Transdev, Joalto/Mondinense/Trascovizela, e aí teremos uma ideia da confusão que reina todos os dias. Com isto queremos dizer que a STCP começou a construir a casa pelo telhado.

Contudo, a STCP, conscientemente, ou não, acaba de abrir oportunidades para os operadores privados. Acaba com o 82 (Boavista - Laborim), embora tenha prolongado o 15, que terminava em Santo Ovídio até Laborim. A Espirito Santo acaba de anunciar uma nova linha entre o Porto e... Laborim. Utilizando parte do antigo 82. A Resende fica felicissima ao saber que pode continuar com as linhas 104 e 119 até á Cordoaria.

Digam-nos lá se favorecer a intermodalidade passou a ser cortar algumas linhas á noite e ao fim de semana, como foi intenção da STCP com as linhas 200, 207, 703 e 705? Ou entar cortar linhas a alguns bairros, como o de Santo Eugénio, que nem Metro tem?

Contudo, não podemos dizer que tudo é negativo: todas as linhas STCP passaram a dispôr de tarifário Andante. Com isto, os utentes/clientes podem escolher o tarifário mais adequado ás suas necessidades.

A passagem de algumas linhas para a Boavista (Casa da Música)embora nalguns casos possa ser discutível, não deixa de ser boa: passamos a dar um maior uso com o terminal, se bem que este possa ter melhores condições, noemadamente ao nível dos abrigos (curiosamente!), iluminação nocturna, e segurança.

Então, o que achamos que falhou? Falhou:

- Na concepção da Nova Rede, que se resumiu a um corte em muitos locais e na lógica da concentração em grandes terminais, alguns deles não preparados para o efeito (Hospital de São João, Bolhão, Boavista (Casa da Música) Boavista (Bom Sucesso)) para além da obcessão pela intermodalidade e pelos transbordos (desvio de linhas que iam para a Baixa e que passaram a ir para o Hospital de São João - veja-se o 507, por exemplo, supressão da linha 53 para a criação das linhas 803 e 805);

- Falhou na informação, embora a STCP tenha investido fortemente na promoção, utilizando a TV, Rádio, Jornais, preparado milhares de folhetos e recrutando jovens para publicitar a Nova Linha a bordo dos autocarros - aqui não discutimos a quantidade, mas a qualidade da informação, não tivemos mapas gerais de Rede (para uma melhor percepção do que iria ser), os desenhos dos mapas dos trajectos da Nova Rede não continham informação das paragens a servir, o site OFICIAL da STCP só deu informações dias antes...

- Falhou quiçá na gestão de frota, exisitindo autocarros sobrelotados devido á escassa capacidade de resposta á procura - o 600, depois de alguns dias com autocarros sobrelotados, irá ser feito com articulados;

- Falhou na postura que adoptou, tratando alguns utentes (ou os utentes em geral) como Velhos do Restelo, a ponto de afirmar na Imprensa que todas estas reacções derivam da "resistência á mudança" - muito embora se tenha visto forçada a realizar ajustamentos, face aos protestos insistentes que se fizeram sentir.

Contudo, achamos que as pessoas que gerem, concebem, pensam e trabalham (n)a empresa são pessoas com bom senso e com inteligência suficientes para fazerem melhor. Acreditamos que os ajustes necessários serão efectuados, e que erros que foram feitos nesta altura servirão de exemplo para uma altura em que seja necessária uma nova reestruturação de rede.

E deixamos alguns pontos, dados numa crónica de opinião da edição de ontem do JN:

"STCP?


O triste episódio da chamada "nova rede" de autocarros da STCP que, teoricamente, serve uma boa parte da população da Área Metropolitana do Porto, representa o baixíssimo nível de responsabilidade e de respeito pelos cidadãos que deveria servir, por parte dos "responsáveis" daquela sociedade que, em princípio, terão sido "responsavelmente" designados para os cargos de direcção que ali ocupam.

Mas, mais triste do que o lançamento em si mesmo e da actuação de quase todas as entidades públicas, quando as pessoas se revoltaram com a sobranceria da "sociedade", é o que o dito lançamento pressupõe, o que revela e o que pode dizer quanto ao futuro.

Neste sentido, vejamos, então, se algumas destas questões, podem ter alguma resposta:

.Será que a STCP conhece, realmente, o universo dos seus utentes? Se conhece, como justifica que esse universo não se reconheça na "sua sociedade"?


2.Paralelamente, será que a STCP, conhece o território em que actua? Se conhece, como justifica que tenha deixado tantos espaços e lugares sem a cobertura que tinham e, em muitos casos, há muitos e muitos anos?


3.Se a STCP conhece os utentes e o território que serve, como explica que tenha optado por um esquema que é mais uma amálgama de linhas do que uma verdadeira rede com forma e função bem definidas?


4.Se a STCP conhece bem os seus utentes, como explica a brutal, súbita e inopinada alteração na identificação dos componentes do esquema que impôs sem a adequada e atempada informação prévia, eficaz e segura?


5.Será que a STCP, ao longo de todo o tempo que levou a conceber, desenhar e operacionalizar a chamada "nova rede", nunca teve, sequer, um momento de dúvida sobre o que estava (e como o estava) a fazer? É que, tudo visto, o esquema mais parece um jogo de computador feito por um diletante da arte do que um verdadeiro sistema aplicável a uma cidade em concreto, a gente de carne e osso, com uma cultura específica e com um modo de vida construído (certamente com muito custo) em articulação com os meios de que a cidade dispunha e acreditando que os seus impostos - para além dos custos de cada viagem - seriam caução suficiente para se ver respeitada?


6.Ou será que a STCP deixou de considerar que tem utentes e que tem um território para considerar que só tem "clientes" e uma "área de operação" ou que existe para além de tudo isso e que a única condicionante que tem é o (quase sempre) irracional e muitas vezes tonto esquema de circulação nos espaços por onde circulam as suas viaturas?


7.Será, para além do mais, que a STCP não tem a noção de que também "faz cidade", ou seja, que só pelo facto de ser um operador de transportes (e ainda por cima, um operador público de transportes) é um dos mais importantes agentes de "urbanização" em qualquer lugar habitado?


8.Ou será que, não tendo esta noção, a STCP também não tem a noção de que a sua actuação é decisiva para o bem-estar e a comodidade dos cidadãos?


9.Por tudo isto, será que a STCP tem a noção de qual é a sua missão "estatutária"? Se é prestar um serviço público como justifica, então, que o público não sinta exactamente isso, como tem sido mais do que evidente?


10.Finalmente, por que será que tanta gente, tanta instituição e tanta entidade pública com reais responsabilidades na metrópole e no país (salvo raras e pontuais excepções) se cala e faz de conta que não vê? Ou será que também não vê mesmo e a questão está definitivamente reduzida a um diálogo (obviamente) de surdos entre a população e a Polícia! Já conhecemos a história e, sobretudo, o seu fim. Que nunca é feliz!"








1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

De facto a nova rede fica muito a desejar em todos os concelhor abrangidos pela STCP. Em Matosinhos por exemplo, a STCP esqueceu-se que é a unica empresa de serviço publico de autocarros e dá a ligeira impressão que quis dar de mão beijada uma oportunidade (para mim muito mal dada) á exploração da parte da Resende, s.a. Quem quer viajar para Lavra,por exemplo a partir de Matosinhos tem de apanhar 3 autocarros (507+601+ZA), pelo motivo do fim da linha Nº45, mas o desinteresse por esta zona já se fez sentir há alguns anos atrás quando a STCP fez terminar a linha nº43 que fazia Angeiras-Leça via Cabanelas reportando-a para a 112 da Resende que até ja nem existe! Na minha opinião deviam ser feitas mais linhas neste concelho.
Não me acredito que a reestruturação da rede tenha como objectivo melhores serviços porque não é isso que acontece.

6:38 da tarde

 

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