sábado, março 17, 2007

Mais protestos da MUT - AMP

Ontem, na Rua de Magalhães Lemos, ocorreu mais um protesto organizado pelo Movimento dos Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT - AMP) na qual envolveu envolveu mais um bloqueio do autocarro.

O autocarro fazia a linha 501 e era um Volvo B10M articulado, que não possui piso rebaixado.

Aliás, o motivo do protesto prende-se pelo facto de " os deficientes não terem condições para entrar nos autocarros".

Deste bloqueio resultaram animos exaltados, o abandono do autocarro por parte do motorista e mais uma intervenção da Polícia para desimpedir a via.

Mas, como de costume, deixamos aqui o artigo completo d' "O Primeiro de Janeiro".

"Algazarra junto ao Rivoli

Continuam os protestos contra a STCP. Desta vez foram os deficientes motores que se queixaram contra a falta de acessos e de condições na frota de autocarros. O trânsito ficou interrompido durante cerca de uma hora, na Baixa do Porto.

Movimento de Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) organizou ontem uma manifestação em frente ao Teatro Rivoli. O objectivo foi demonstrar que os deficientes não têm condições para entrar nos autocarros. O 501 (Sá da Bandeira) foi impedido de continuar a marcha. Os manifestantes acabaram mesmo por impedir o trânsito na Rua de Magalhães de Lemos. O motorista abandonou o autocarro, os ânimos exaltaram-se e só com a chegada da polícia é que a via foi desimpedida.

STCP é “arrogante” e “prepotente”
Apesar de Carlos Pinto, da MUT-AMP, afirmar que não se tratava de uma manifestação, antes um “aviso ao Poder Central para o facto de existirem demasiadas barreiras arquitectónicas e de não haver acessos adequados para pessoas com mobilidade reduzida, nos transportes públicos, multibancos, edifícios e outros locais”, houve uma para chamar a atenção do problema da STCP: “A maioria da frota não está adaptada às necessidades de pessoas portadoras de deficiências” frisou Carlos Pinto, relembrando que “a confusão por parte das pessoas com esta nova numeração. Já para não falar que esta rede não serve a maior parte da população”. O responsável da MUT-AMP afirma que “a recente reestruturação foi feita a pensar no Metro e não nas pessoas. A administração da STCP é arrogante e prepotente e exigimos que se demita”, sublinhou.

Mobilidade?
Nas palavras de Adão Costa, reformado e dirigente da Associação Portuguesa de Deficientes, “dado que foi proclamado o Ano Europeu da Mobilidade para Todos, na Europa, e até foi apresentado o programa no Governo Civil, na passada terça-feira, isto nem de propósito”. “Antigamente já havia problemas de mobilidade, agora com esta mudança dos percursos, os transportes adaptados não chegam para as carreiras e então eles substituem os veículos. Isso não tem só a ver com a mobilidade reduzida mas também com os próprios cegos”. Adão Costa critica a STCP, afirmando, “nós não estamos cheios de cegos, estamos cheios de ceguinhos, pessoas que vêem e não querem ver”.
António Almeida, um dos deficientes motores participantes na manifestação, reiterou a queixa e disse ser “lamentável que, uma vez mais, se assistam neste país a cenas de discriminação social”. O escriturário de 49 anos sublinhou que “o Porto tem uma frota de autocarros de que se pode gabar, autocarros com acesso, não só para pessoas com deficiência motora, mas também com instalação sonora, o que é óptimo para pessoas com deficiência visual. E o que acontece é que, com toda esta situação de mudança de trajectos, não haverá possibilidade de pôr em funcionamento a antiga frota, já que eles estão a retirar esses autocarros nos maiores percursos. António Almeida apelida isto de “paradoxo”.
Outro manifestante focou outras questões. “Já que existem autocarros com piso rebaixado para cadeiras de rodas e carrinhos de bebé, é inadmissível que a polícia continue a pactuar com os carros estacionados junto às paragens, o que obriga os autocarros a parar no meio da rua”. Adelaide Leão, assistente administrativa especial de apoio, ligada ao Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, “sendo deficiente motora, tive de estar aqui presente. Antigamente, os autocarros tinham acesso e agora não têm. Agora só posso andar de Metro…”
Um outro responsável da MUT-AMP, André Dias, frisou que “o objectivo da manifestação foi chamar a atenção da STCP para o problema dos deficientes motores. Não existem condições de transporte de deficientes nos autocarros de transporte público. Esses transportes são feitos através das associações que funcionam de segunda a sexta, e aos fins-de-semana não funcionam”. O responsável afirmou que tem havido vários acidentes provocados pela alteração de carreiras: “Todos os dias temos conhecimento de acidentes de viação. Os motoristas da STCP têm de cumprir horário e muitas vezes circulam a grande velocidade. E os estacionamentos não permitidos, entre outros obstáculos, provocam os acidentes” assevera André Dias.

Trânsito interrompido na Baixa e motorista desaparece
Os manifestantes foram-se reunindo a partir das cinco e meia da tarde. Por esta altura, trocavam-se opiniões e iam-se fazendo críticas. Com a chegada do 501, cerca das seis da tarde, Adelaide Leão tentou entrar no veículo. Seguiram-se os protestos. “Porque é que a senhora não pode entrar?”, enquanto o motorista se ia desculpando com “sou apenas um funcionário da empresa. A senhora que espere pelo próximo autocarro”. O problema é que, dos autocarros que passaram a seguir, nenhum tinha acesso para deficientes motores. Os ânimos exaltaram-se e houve alguma discussão entre os passageiros do autocarro e os manifestantes. No meio da confusão entretanto gerada, o motorista do autocarro deixou a viatura parada, com a porta aberta e os passageiros lá dentro, e foi-se embora.
Por esta altura, já Adelaide Leão e os outros manifestantes tinham interrompido ambas as vias. As opiniões eram contraditórias. Alguns utentes da STCP acharam “muito bem” o protesto. Outro não. E não se inibiam de o dizer em voz alta. Entretanto, passado cerca de meia hora, o motorista regressou e disse ao JANEIRO que “a única coisa que podia fazer era telefonar para a empresa. Vão chamar a polícia”.
A PSP chegou, de facto, cerca de vinte minutos depois, e tentou acalmar os ânimos, o que conseguiu. “Fizeram os vossos protestos. Agora têm de compreender que temos de desimpedir a via”, foram as palavras do responsável da PSP que lidou com a situação.
Os passageiros do autocarro impedido de circular começaram a sair e a entrar noutros que iam passando. E os comentários eram variados, “acho isto tudo muito bem, mas quem paga é o Zé Pagode”, “é o mesmo quando fazem greves” ou “acho muito bem, ainda deviam ser mais radicais”. Os transeuntes foram-se reunindo e comentando. “Acho correcto” disse José Manuel, de 59 anos, empregado de armazém, “todas pessoas devem ter direito a transportes. Acho é que os deficientes deviam ser mais unidos e insistirem mais, porque isto não vai dar nada. Daqui por uns tempos, as pessoas esquecem-se. E isso é uma vergonha”. Mas António Almeida, contrapôs que é difícil motivar os deficientes motores para estas iniciativas."

1 Comments:

Blogger JACARE do PANTANAL said...

Julgo que a componente cívica de aux+ilio aos cidadãos com problemas motores é generalizado mas mais premente onde as infraestruturas são mais deficitárias. Gostaria de saber que meios esxistem para que um cidadão possa estar a par das carreiras de transportes regulares dotadas de meios de acesso a passegeiros com problemas de movimentação usando canadianas na zona da Foz.
Grato

4:47 da tarde

 

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