Resultados do referendo
Foi meramente uma acção simbólica.
"Utentes votam não
Os utentes da rede de transportes da STCP puderam contestar ontem, uma vez mais, por iniciativa do Movimento de Utentes da Área Metropolitana do Porto, a rede reestruturada pela empresa. Foram às urnas e elegeram o não como resposta ao “referendo”. Joana Soares
“Concorda com as alterações impostas pela STCP aos utentes do serviço público de transportes?”. Os utentes dos transportes da STCP foram ontem chamados, pelo Movimento de Utentes de Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) às urnas de cartão para votar sim ou não àquela pergunta. Entre as 15h30, e até às 18h00, as urnas estiveram ao dispor dos utentes, no Porto, em Santa Catarina, Trindade e Praça da Liberdade. Também em Rio Tinto a votação teve lugar ao longo do dia nos mercados de Rio Tinto e Areosa, nos Carreiros, na estação ferroviária, nas Areias e no Parque Nascente .
Norberto Alves, um dos representantes do MUP-AMP qualificou ao JANEIRO a iniciativa como “uma acção simbólica”. “O objectivo é alertar para o facto de que a população nunca foi auscultada pela administração da STCP, e nunca teve a oportunidade de se pronunciar quanto a esta reestruturação”, enfatizou o representante, que entregou ontem em Santa Catarina, o papel de voto. Norberto Alves explicou que a acção pretende ser uma “consulta pública”, adiantando que os boletins de voto vão ser anexados a um “caderno reivindicativo dos vários movimentos de utentes da AMP, para ser entregue à administração da STCP, bem como ao Governo Civil, e ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação sob o comando de Mário Lino.
Quem votou, votou não
A resposta à consulta pública estimulada pelo MUT-AMP tinha o não garantido. “Votei não, claro”, atirou ao JANEIRO Guilherme da Silva, de 71 anos, pois “tem que haver quem defenda o povo”. As pessoas, utentes ou simpatizantes pela causa do Movimento, iam colocando a cruzinha no papel de voto. Um grupo de raparigas, entre os 20 e os 25 anos, aproximou-se e ralhou que “a reestruturação da STCP só veio a causar transtornos na vida diária”, e que por isso, a resposta “só poderia ser não”. Já para Domingos Alves, de 65 anos, a nova rede homologada pela administração STCP vai contribuir para a desertificação da Baixa da cidade. “Conheço pessoas que por dificuldade de absorver os transbordos, os novos números das linhas, e por haver tão pouca frequência e horários não vêm ao Porto, contribuindo para a desertificação da cidade”, objectou. Por outro lado, o utente considerou que “tudo foi feito à revelia das pessoas”, sublinhando que a nova rede “apenas prejudicou a mobilidade das pessoas”.
“Apenas reparações”
Norberto Alves considerou ainda que as alterações que foram realizadas pela STCP “não passaram de reparações”. “As ligações directas e os transbordos continuam a ser o grande problema e o que carece de atenção e mudança”, referiu. O MUT-AMT reclama a extinção das linhas de autocarro, o facto de haver menos linhas à disposição do utente, opondo-se ainda aos transbordos e aos tempos de espera.
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Forte adesão
“Ninguém está contente”
Adérito Machado, um dos representantes do Movimento de Utentes de Rio Tinto contabilizou perto de 1 500 votos pelo não na área daquela localidade. Já os representantes do MUT-AMP optaram por não divulgar o número total de votos conseguidos ontem, adiantando, apenas, que oportunamente libertarão essa informação. O representante em Rio Tinto classificou a adesão à consulta pública de “muito boa”, mostrando que “ninguém está contente”. Por seu turno, Carlos Pinto, do MUT-AMP acentuou o elevado descontentamento e jubilou a “boa afluência por parte da população «às urnas»”.